Num só salto eleva-se nos céus, de braços abertos como Cristo pregado na cruz, deixando-se vencer pela força da gravidade, e cair a toda a velocidade com o penhasco roçando a escassos metros do seu peito despido. O voo majestoso, digno de qualquer ave real, é controlado a cada instante com uma perícia soberba. A poucos metros de entrar na água o corpo hirto verticaliza-se, e perfura a rebentação, penetrando de cabeça nas águas do Pacifico. Os mergulhadores desafiam a morte, saltando do cimo de La Quebrada. O ritual inicia-se desde idades muito tenras. Sobem ao cimo do penhasco com mais de trinta e cinco metros de altura por uma estreita enseada. Quando atingem o topo fazem uma oração junto de um pequeno altar, antes de mergulharem. Os mergulhos são milimetricamente calculados, uma vez que têm de coincidir com a vinda de uma onda, para que o mergulhador não embata com a cabeça nos rochedos lá em baixo. A cada mergulho, a tentação é fecharmos os olhos, até o vermos aparecer à tona de água festejando mais um êxito, com os braços erguidos ao céu. Acapulco é uma cidade apaixonante, com um abrigo natural dos mais perfeitos do mundo, que se estende ao longo de uma baía com mais de cinco quilómetros. Considerada a estância balnear mais famosa do México, Acapulco é uma cidade chique onde apetece permanecer. Os edifícios elegantes e coloridos em torno da baía dão-lhe um toque carismático que nos prende ao lugar, como se fossemos prisioneiros do bem-estar. Em Acapulco vive-se de bem com a vida. A felicidade espelha-se no rosto de cada mexicano que se cruza comigo. Cada minuto é encarado com uma alegria tão grande, como se fosse o último. Talvez seja um dos últimos paraísos civilizados na terra. O sol já me tinha obrigado a emborcar algumas Margueritas, talvez por isso tudo parecesse mais belo aos meus olhos. Percorri a pé toda a baía, desde a Praia Caleta à Praia Icaços, uma das mais belas. |
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